Aporte às estradas

Mesmo na fase de torneiras fechadas nos investimentos federais, o governo do Ceará injeta recursos em melhorias na infraestrutura rodoviária. Em melhor condição fiscal em relação a outras unidades da Federação, o Estado mostra que não está paralisado e prepara alicerces importantes para o crescimento, já de olho na vindoura retomada econômica.
Com aporte de R$ 405 milhões, o governo deu início à nova etapa do Programa Ceará de Ponta a Ponta, liberando obras de pavimentação, restauração e duplicação de quase 300 quilômetros de estradas que envolvem os territórios de 27 municípios, a partir deste mês de agosto.
O montante é oriundo dos próprios cofres estaduais e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Enquanto a União decepa os principais programas de investimento e abre as comportas monetárias para fins meramente políticos, o Ceará busca maior independência financeira, até mesmo para se desgrudar do azedume que paira sobre Brasília. Prova disso são as parcerias firmadas com a iniciativa privada na área de infraestrutura, as quais podem impulsionar a economia local pelas próximas décadas.
A precária condição da malha rodoviária nacional é um problema arraigado, que perdura durante os diferentes ciclos de crescimento do País e funciona como barreira para a competitividade da indústria e do comércio. São recorrentes as cobranças do setor produtivo para elevar a qualidade das estradas estaduais e federais, por meio das quais são escoadas mercadorias e pelas quais trafegam milhões de cidadãos.
Contudo, a despeito de alguns avanços ao longo dos anos, o panorama geral ainda é muito distante do que se espera desta Nação com gigantesco potencial econômico. Planos de concessão mal-sucedidos, aportes geridos de maneira incompetente e outros problemas típicos da máquina pública inábil redundaram em vias com situação deficiente e insegura.
Apenas para citar um exemplo recente de descaso, as rodovias leiloadas no governo Dilma Rousseff, entre 2013 e 2014, tinham prazo inicial de cinco anos para conclusão das obras de duplicação. O novo cronograma, aprovado para salvar os contratos, é bem mais frouxo: as empresas terão 14 anos para encerrar os trabalhos. Em 2028, os serviços deverão ser terminados.
Os investimentos nas estradas cearenses devem deixar as cidades cada vez mais interligadas, questão necessária para a expansão produtiva e turística. No fim da ponta, isso beneficia os consumidores. Com a logística otimizada, os produtores e varejistas podem reduzir os custos com transporte, fato que naturalmente deve resultar em preços finais mais acessíveis.
Outro ponto crucial para a economia do Estado é a conexão entre os diferentes modais de transporte. Com as melhorias previstas para o Aeroporto de Fortaleza e os terminais regionais, bem como a ampliação do Porto do Pecém, as estradas precisam estar em consonância com esta evolução logística, daí a importância de programas como o que está em execução. Se o projeto da Ferrovia Transnordestina for destravado, o Ceará contará com uma rede jamais vista, com múltiplas matrizes de locomoção de pessoas e escoamento de produtos. Esta cadeia robusta, possibilitada pela contínua aplicação de recursos públicos e privados, será decisiva para o crescimento econômico.
Fonte: Diário do Nordeste