São Gonçalo já representa 53% das exportações no Ceará
03/02/2020

O município de São Gonçalo do Amarante liderou o comércio exterior no Ceará em 2019, respondendo por 53,03% do total do Estado, embora tenha registrado queda no valor exportado de 12,73%. A Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) é a responsável pela maior parte da exportação do município. 

Caucaia foi o segundo maior exportador cearense, seguido de Fortaleza, Sobral e Maracanaú. Dentre os dez principais municípios cearenses que exportaram em 2019, cinco apresentaram crescimento do valor quando comparado ao ano de 2018: Caucaia, Fortaleza, Aquiraz, Eusébio e Uruburetama.

Concentração

Os dez principais municípios cearenses exportadores concentraram 89,65% das exportações do estado, indicando um elevado índice de concentração, dos quais seis estão na Região Metropolitana de Fortaleza.

Crescimento em 4 anos

No período de 2015 a 2019, a participação das exportações do Ceará no total nacional apresentou nítida tendência que crescimento: em 2015 era de 0,55% (R$1,04 bilhão); passou para 0,97% (R$ 2,10 bilhões) em 2017, atingindo o seu maior nível em 2019, com 1,01% (R$ 2,26 bilhões).

Com relação ao Nordeste, a participação das exportações cearenses também seguiu o mesmo comportamento ao longo da série, passando de 7,13%, em 2015, para 13,68%, em 2019. Outro dado: a participação das exportações do Nordeste no total do Brasil apresentou queda ( de 7,83% em 2018 para 7,39% em 2019), enquanto que o Ceará obteve ganho de participação, de 12,50% para 13,68 no mesmo período.

Importações

Com relação a participação das importações do Ceará no total do Brasil, é possível constatar ganho em 2016, comparado a 2015, atingindo o maior valor ao longo do período (2,53%). Porém, nos anos seguintes. apresentou sucessivas perdas de participação, chegando ao menor valor em 2019, quando encerrou o ano com participação de 1,33%. No total das importações do Nordeste a participação do Ceará registrou o maior valor em 2016 (19,88%), mantendo-se no patamar de 11% nos últimos anos, com leve queda em 2019, comparado com 2018. Os números estão no Ipece Informe (nº 165 – Janeiro de 2020) que acaba de ser publicado pelo do instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

São Gonçalo do Amarante manteve-se na liderança como principal município importador cearense, com participação na pauta de 50,96% do total do estado no ano de 2019, participação inferior a observada no ano de 2018. Na sequência está Caucaia, com 8,10% de participação, Fortaleza (6,68%); Sobral (5,81%) e Maracanaú (4,51%). A participação conjunta dos cinco primeiros municípios foi de 76,06% em 2019, mostrando-se menos concentrada do que 2018, quando cinco principais participaram com 84,88%.

Corrente de comércio

Já a balança comercial cearense (exportações/importações), seguindo a tendência de queda verificada no resultado nacional em 2019, também apresentou números negativos. As exportações do Ceará em 2019 obteve o valor de US$ 2,65 bilhões, registrando queda de 3,29% quando comparado com 2018, depois de quatro anos de crescimento. Já as importações também tiveram queda (-6,97%) com relação ao ano de 2018, totalizando US$ 2,35 bilhões.

O saldo da balança comercial cearense continuou negativo (US$ 92 milhões), mas em valor inferior ao saldo de 2018, uma vez  que a involução das importações foi mais intensa do que a registrada pelas exportações. A corrente de comércio somou o valor de US$ 4,62 bilhões em 2019, redução de 5,2%, com relação ao verificado em 2018.

Exportações

O estudo, de autoria de Alexsandre Lira Cavalcante, analista de Políticas Públicas; Ana Cristina Lima Maia, assessora Técnica, e de Alysson Inácio de Oliveira, estagiário, ao fazer uma análise das exportações cearenses por fator agregado e atividade econômica, constatou que as exportações da atividade agropecuária, em 2019, foi de 99,95% de produtos básicos e apenas 0,05% de produtos manufaturados.

Já a indústria de transformação exportou 4,24% de produtos básicos; 64,09% de produtos seminanufaturados, sendo em maior parte os produtos de ferro e aço; e 31,67% de bens manufaturados, com destaque para Partes de outros motores/geradores/grupos eletrogeradores e calçados. As exportações da indústria de transformação, antes de 2017, concentravam-se mais em produtos manufaturados, mas com o começo das exportações de ferro e aço esse comportamento se reverteu. As exportações da atividade indústria extrativa também se concentraram em bens básicos (99,06%), porém nos anos de 2016 e 2017  as exportações dessa atividade concentrou-se mais em bens manufaturados.

Pauta

Em 2019, a pauta das exportações cearenses continuou sendo liderada pelos Produtos Metalúrgicos, com valor de US$ 1,208 bilhão, respondendo por 53,36% do total exportado pelo estado. Porém, as vendas externas desse grupo apresentou redução de 13,06% em 2019, com relação a 2018, causada pela forte redução das exportações desse produto para Alemanha, Tailândia e Coreia do Sul.

Os principais produtos exportados desse grupo foram “semimanufaturados de ferro ou aço não ligado, de seção transversal retangular, que contenham, em peso, menos de 0,25%”, com participação de 85,0%. O Ceará e o Rio de Janeiro foram os estados que mais exportaram esse tipo de produto, tendo os dois exportado praticamente o mesmo valor em 2019. O grupo Calçados foi o segundo mais exportado, com valor de US$ 235,9 milhões, com participação de 10,42%. A crise da Argentina causou arrefecimento das vendas de calçados, tendo sido esse um dos motivos pela queda de 11,64% desse produto nas exportações cearenses quando comparado ao ano de 2018.

O que o Ceará compra

As importações cearenses de 2019, classificadas como atividade econômica agropecuária, foram em sua totalidade de bens básicos ao longo de toda a série. Na atividade indústria de transformação, 91,95% das exportações foram de produtos manufaturados, puxado principalmente por produtos de combustíveis e derivados; 7,33% de bens semimanufarturados; e apenas 0,72% de produtos básicos.

As exportações da atividade indústria extrativa concentrou-se em bens básicos (78,82%), com destaque para o produto Hulha betuminosa, seguida de bens manufaturadas (21,18%). Combustíveis minerais, óleos minerais; matérias betuminosas e ceras minerais lideraram a pauta de importação com valor de US$ 896,7 milhões e participação de 38,05%. Em seguida estão os produtos da indústria química, com valor de US$ 250,1 milhões, resultado menor em 12,29% quando comparado com 2018. Em terceiro lugar da pauta estão os produtos metalúrgicos, com valor importado de US$ 229,3 milhões.

 

Fonte: Blog da Regina Carvalho